Agência Lusa
1.010 peças para uma réplica da Torre de Belém ou 2.336 para um loja de brinquedos, são as propostas de dois portugueses que precisam de 10 mil votos para conseguirem ver o projeto aprovado pela Lego.
Milhares de peças coloridas para reproduzir a Torre de Belém ou um elétrico do Porto foram usadas por fãs da Lego, que vivem agora na esperança de ver os seus modelos lançados e à venda no mercado.
Rui Branco, de Portimão, tem 49 anos e pretende que a sua Torre de Belém em Lego passe do cenário virtual para o real, enquanto Estela Freire, residente em Lisboa e com 40 anos, ambiciona ver a sua loja de brinquedos de inverno (Winter Toy Shop) em produção na fábrica destes brinquedos, na Dinamarca.
A hipótese de uma construção passar de uma imagem virtual para um modelo real e oficial é dada pela própria empresa, que disponibiliza uma página na Internet — ideas.lego.com — para os fãs submeterem à votação da comunidade os seus projetos, mediante determinadas regras.
“Sempre tive interesse por estas construções que apelam à concentração e criatividade ilimitada”, disse à Lusa Rui Branco, explicando o motivo pelo qual submeteu para aprovação da comunidade, e depois da Lego, a sua Torre de Belém.
Para Rui Branco, chegar a 10.000 votos e poder ver a sua construção de 1.010 peças nas lojas espalhadas pelo mundo “seria um sonho de uma vida, muito gratificante e com a mais-valia de ser uma construção de um edifício nacional tão emblemático como a Torre de Belém”.
Já Estela, cuja loja de brinquedos conta com 2.336 peças e foi construída virtualmente com a ajuda do marido Luís, disse à Lusa que “as expectativas para o projeto são razoáveis”, tendo em conta que, em cerca de pouco mais de um mês, a construção já conta com mais de 800 apoios e “bons comentários”, e dispõe ainda de vários meses para atingir os votos necessários para passar à fase seguinte.
“Parece-nos que se chegasse aos 10.000 apoios, o que é um feito verdadeiro hercúleo, [a loja] teria boas hipóteses na derradeira revisão”, acrescentou Estela.
Na sua construção feita através de um programa digital que disponibiliza as peças, Rui Branco precisou de uma hora por dia durante uma semana, enquanto Estela demorou “cerca de 40 horas a construir e aperfeiçoar” a loja e mais 10 horas a “produzir as imagens que se veem na descrição” obrigatória.
A Torre de Belém de Rui Branco, que vive rodeado destes pequenos tijolos desde pequeno e é “profissional Lego como lojista”, surgiu da ideia de “construir um modelo para a linha Architecture”, construções em que são reproduzidos edifícios conhecidos pela sua arquitetura ou pela história que representam, como o Louvre e a Torre Eiffel, em Paris (França), o Big Ben, em Londres (Inglaterra), e o Empire State Building, em Nova Iorque (Estados Unidos).
Estela, professora do 1.º ciclo e de ensino especial atualmente desempregada, adiantou que a loja de brinquedos surgiu do gosto do marido por edifícios modulares, “uma linha popular entre entusiastas”, e do seu gosto pela linha Winter Village.
Entre as construções criativas submetidas neste site encontra-se uma réplica de um elétrico da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), que conta já com mais de 5.600 apoios e foi desenvolvido por um jovem canadiano.
Kevin, fanático da Lego desde pequeno, afirmou por escrito à Lusa que visitou Portugal em setembro de 2015 durante cerca de três semanas, passando pelo Porto, cidade em que os elétricos lhe chamaram a atenção.
“Quando regressei, inspirei-me para construir este clássico elétrico. É uma espécie de tributo à fantástica cidade do Porto que conheci, bem como à história dos seus elétricos, que é fascinante”, concluiu.
Os utilizadores do site podem apoiar um qualquer projeto, o que significa que gostam dele e estariam dispostos a comprá-lo na eventualidade de se tornar oficial. Cada construção tem um ano para atingir pelo menos 1.000 apoios e se o conseguir são-lhe adicionados mais 182 dias.
Na prática, cada modelo tem dois anos para receber 10.000 votos para que possa passar à fase de ser revisto pela Lego, que avalia se a construção cumpre diversos critérios e se pode efetivamente ser produzido.
“Nesta fase muitos bons projetos são rejeitados. Dos 48 projetos que já concluíram a fase de revisão, apenas 12 foram aprovados para produção. Atualmente estão 19 projetos em revisão e a maioria dos entusiastas da Lego já ficaria feliz se três ou quatro destes chegassem às prateleiras”, concluiu Estela.