Aprender braille vai poder ser mais fácil e divertido com blocos Lego, que a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal irá distribuir pelas escolas e que poderá juntar crianças cegas e não cegas na aprendizagem das primeiras letras.
No dia é das crianças a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (Acapo) aproveitou para entregar o primeiro conjunto de peças LEGO especificamente criadas para ajudar crianças cegas a aprender a ler braille - o sistema de escrita tátil, por pontos, utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão - às crianças do Centro Helen Keller, em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Acapo explicou que são peças Lego semelhantes às comuns peças com que quase todas as crianças brincam, que encaixam numa superfície própria e que "permitem ficar ao lado uma das outras, em cima uma das outras, por forma a recriar palavras escritas".
"Estas peças têm as correspondentes letras impressas em tinta e têm também os pontinhos braille para que as crianças com deficiência visual e todas as pessoas que queiram efetivamente treinar e conhecer melhor braille saibam de que forma se representam as letras", disse Rodrigo Santos.
Hoje, em Portugal, comemoramos o Dia Mundial da Criança. Na ACAPO defendemos todos os dias os direitos de todas as crianças a crescerem num ambiente feliz e inclusivo, com acesso à educação, à saúde e à brincadeira.
Mas porque não brincamos com a inclusão, começamos hoje a distribuir LEGO BRAILLE BRICKS para as escolas/instituições que trabalham com crianças cegas ou com baixa visão
.Fiquem atentos, em breve, teremos mais novidades!
Peça a peça, incluímos todos os dias!
Para mais informações sobre LEGO BRAILLE BRICKS enviar um e-mail para: lego@acapo.pt.
De acordo com o presidente da Acapo, cada peça Lego tem já "os pontinhos correspondentes a cada letra braille", além de ter pintada a letra correspondente do alfabeto, e "tudo o que a criança pode compor com estas peças são as diversas palavras em braille".
Desta forma, "todos podem brincar em condições de igualdade", porque o facto de as peças terem também as letras impressas permite que tanto crianças cegas como crianças que não são cegas brinquem e aprendam.
"Qualquer pessoa ou qualquer criança que tenha na sua mão uma peça com uma letra que ela reconhece tem também os pontinhos com o símbolo braille correspondente e assim pode aprender de uma forma fácil e didática", apontou.
Os conjuntos são da autoria da Fundação Lego e cada um inclui 340 peças com o alfabeto português, os números 0 a 9, sinais matemáticos, sinais de pontuação e três bases onde encaixam as peças -- "como se fossem folhas de papel" - que brevemente vão começar a ser distribuídos pelas escolas de referência ou qualquer escola onde haja alunos com deficiência visual.
"Estamos a distribuir estes 'kits', na medida das disponibilidades que temos, a várias instituições que sabemos que trabalham com crianças cegas, sejam escolas de referência, sejam outras instituições que comprovadamente nos mostrem que têm estas crianças", adiantou Rodrigo Santos, acrescentando que existem "largas centenas" de escolas e que essa distribuição irá acontecer ainda durante o presente ano letivo.
As caixas não vão ser comercializadas e estarão disponíveis apenas mediante pedido das escolas, sendo destinadas a escolas ou instituições que ensinam braille a alunos com deficiência visual entre os 4 e os 18 anos.
Os blocos são da responsabilidade da Fundação Lego, numa iniciativa que dá pelo nome de "Lego Braille Bricks", que projetou o material que combina braille, cor e as clássicas peças de montagem, e em Portugal o parceiro oficial da iniciativa é a Acapo, sendo a responsável pela formação, adaptação de conteúdos e distribuição das caixas pelas escolas.
Na opinião do presidente da Acapo, "esta forma de aprendizagem, para além de permitir estimular muito o toque e a perceção tátil da própria criança cega, permite-lhe aprender ao mesmo tempo que brnica e permite-lhe aprender a par com as restantes crianças sem deficiência visual".
"Quando falamos de sociedades inclusivas, nós achamos que começa precisamente por aqui, por aprender e ao mesmo tempo poder brincar em igualdade de circunstâncias com qualquer criança, independentemente de esta ter ou não qualquer tipo de deficiência", destacou.
Para Rodrigo Santos, trata-se de "uma grande inovação do ponto de vista pedagógico" que hoje chega às mãos das primeiras crianças, no dia em que se assinala também a data da morte da escritora e ativista norte-americana Helen Keller, a primeira pessoa surdocega a concluir um bacharelato.